Já vi outra vez alguém a usar o argumento de que "95% dos bitcoins já foram minerados", como se fosse um grande ponto de venda, dando a entender que amanhã já vai estar esgotado!

Ainda mais absurdo é quando te obrigam a escolher entre dois: "O ouro tem reservas ilimitadas, o bitcoin só tem 21 milhões, qual escolhes?" — isto é basicamente forçar-te a optar entre uma "cenoura que nunca acaba" e um "rebuçado de edição limitada". É uma típica armadilha de discurso.

Primeiro, sobre o "ilimitado" do ouro. É verdade que ainda há muito ouro nas profundezas da crosta terrestre, mas isso interessa ao comum dos mortais? Aquela tua corrente de ouro, perante as reservas mundiais, não passa de um grão de areia. Agora, quanto ao limite dos 21 milhões de bitcoins, sim, está gravado no código, mas o problema é que a maior parte dessas moedas está agora em carteiras de instituições, exchanges e grandes investidores. E as que estão realmente disponíveis para livre negociação no mercado? São bem menos do que imaginas.

Portanto, isto nem sequer é uma escolha sofisticada. O ouro é a materialização do medo e da confiança humana ao longo de milénios; o bitcoin é uma experiência de redefinição do armazenamento de valor, feita em código. Tens de perceber no que realmente acreditas — se é na tradição milenar de proteção, ou se apostas na revolução do consenso futuro. Mas independentemente da escolha, encara a realidade: o ouro está nas mãos dos bancos centrais e de Wall Street, e o bitcoin está a ser, aos poucos, "domesticado e integrado" por eles também.

Lembra-te disto: quando alguém insiste demasiado na "escassez absoluta" de algo, normalmente é para te desviar da questão sobre o quão pouco prático e pouco líquido isso é, neste momento. Escassez não é sinónimo de valor — o ar também é escasso, vais gastar dinheiro a armazenar ar?

Aos amigos que leram até aqui, desejo-vos um bom dia☀boa tarde🥰boa noite💤