Pi Network prestes a lançar a mainnet? O "sonho de ganhar dinheiro facilmente" de 45 milhões de utilizadores é realmente fiável?

O projeto mais misterioso do mundo cripto nestes dois anos é, sem dúvida, o Pi Network — autointitulado “mineração por telemóvel”, 45 milhões de utilizadores, a planear lançar a mainnet no final de 2024. Vamos então analisar se isto é inovação ou simplesmente mais uma “moeda de ar”.

Porque é que o Pi tem coragem de desafiar a mineração tradicional?

Quando se fala em mineração, muitos pensam logo em “fazendas de placas gráficas + contas de eletricidade astronómicas”. A lógica do Pi é diferente — utiliza o protocolo de consenso Stellar (Protocolo Bizantino Federado), convertendo diretamente a mineração num “modo de check-in diário”:

• Consumo energético baixíssimo: não requer placas gráficas, basta iniciar uma vez por dia no telemóvel, praticamente não consome bateria nem dados.
• Participação universal: sem barreiras à entrada, qualquer pessoa pode participar.
• Mineração social: convidar amigos para criar um “círculo de segurança” acelera os ganhos.

Este mecanismo soa apelativo, mas a questão é — o valor do Pi é totalmente desconhecido. Neste momento é apenas uma moeda de teste, ainda não está listada em nenhuma bolsa.

Como funciona a tokenomics?

O Pi definiu um limite máximo de 10 mil milhões de moedas, distribuídas da seguinte forma:

A comunidade recebe 8 mil milhões:

• Recompensas de mineração: 6,5 mil milhões (cerca de 3 mil milhões já minerados na testnet, mas após KYC pode reduzir para 1 a 2 mil milhões)
• Desenvolvimento do ecossistema: 1 mil milhão (para apoiar developers e atividades da comunidade)
• Pool de liquidez: 0,5 mil milhões (para fornecer liquidez inicial aos pares de trading)

A equipa central fica com 2 mil milhões, bloqueados e dependentes do progresso de mineração da comunidade.

O detalhe-chave — as recompensas de mineração diminuem anualmente, tal como o mecanismo de halving do Bitcoin, para evitar inflação futura. Mas a grande questão agora é: quantos Pi pré-minerados passarão no KYC? Ninguém sabe.

Em que fase está o “plano em três etapas” da mainnet?

Primeira etapa (2018-2020): Fase Beta, desenvolvimento da app móvel e lançamento do whitepaper. ✓ Concluído

Segunda etapa (2020-2021): Lançamento da testnet, nós globais podem validar transações. ✓ Concluído

Terceira etapa (2021 até agora): Mainnet fechada em funcionamento… mas ainda não está aberta?

A explicação oficial é “mainnet aberta no final de 2024”, mas já não é a primeira vez que adiam. O motivo dado são melhorias no ecossistema e migração KYC. Desde 2021 até agora, os utilizadores já perderam a paciência.

Prazo do KYC: Termina a 30 de novembro de 2024; quem não passar na verificação pode ver todas as moedas mineradas serem anuladas.

Atenção — o que deves saber antes de entrar

1. Preço totalmente fictício: antes de ser listado em bolsas, ninguém sabe o valor real. As atuais “transações IOU” são especulação entre privados, sem qualquer garantia oficial.
2. Alto risco de fraude: devido à popularidade, surgem constantemente esquemas de phishing e plataformas falsas dirigidas a utilizadores Pi.
3. Incerteza regulatória: as atitudes em relação às criptomoedas variam no mundo; se o modelo do Pi será aprovado ainda é uma incógnita.
4. Risco de centralização: apesar de se dizer descentralizado, o poder de aprovação do KYC está nas mãos da equipa — quem decide no fim?

E afinal, como se pode ganhar?

Além da “mineração básica” diária, o Pi oferece outros caminhos de rendimento:

• Bónus por convite: trazer novos utilizadores aumenta diretamente a tua velocidade de mineração.
• Operar um nó: correr o software Pi Node no computador para validar transações.
• Incentivo de bloqueio: bloquear moedas durante um período para receber recompensas extra.

Na prática, é o típico esquema “social + bloqueio”. Quanto podes ganhar depende do envolvimento no ecossistema e do preço da moeda.

Como será o caminho para transacionar no futuro?

Se a mainnet abrir mesmo, as transações Pi poderão acontecer de três formas:

1. Bolsa centralizada (CEX): igual a uma bolsa tradicional, fácil de usar mas requer verificação de identidade.
2. Bolsa descentralizada (DEX): ligação direta de carteira, maior liberdade mas exige conhecimentos Web3.
3. Transação fora de bolsa (P2P): trocas diretas ponto a ponto, mas com mais risco (facilmente enganado).

Resumindo: oportunidade ou aposta?

O grande atrativo do Pi Network é: barreira de entrada baixíssima + propagação viral social. Mas a lógica de investimento é frágil — não ganhas rendimentos reais, apenas apostas que um dia será listado e não irá colapsar.

Se o vires como um “joguinho de check-in”, sem custos, tudo bem. Mas se esperas que seja o próximo Bitcoin, convém ter consciência — a mainnet já leva mais de 3 anos de espera, o valor continua indefinido, e o risco é enorme.

Recomendação final: Podes participar, mas não apostes tudo, muito menos te deixes iludir pelos preços IOU do mercado secundário. Espera pela abertura oficial da mainnet e pela verdadeira listagem antes de decidir vender. O custo de participação é mesmo baixo, mas o potencial de multiplicação dos ganhos está claramente sobrestimado.