Uma deliberação de taxa de juros aprovada por uma votação de 9 contra 3, descreve a intensa luta interna do Federal Reserve entre a persistência da inflação e os riscos no mercado de trabalho, com o equilíbrio da política inclinando-se novamente para um corte preventivo em resposta às mudanças sutis nos dados.
O Federal Reserve, com uma votação de 9 a 3, decidiu reduzir o intervalo-alvo da taxa de juros dos fundos federais em 25 pontos base, para 3,50%-3,75%. Esta é a terceira redução consecutiva desde setembro deste ano.
Junto com a deliberação sobre a taxa de juros, foi anunciada uma importante operação de balanço patrimonial: o Federal Reserve planeja comprar US$ 400 bilhões em títulos do Tesouro ao longo de 30 dias a partir de 12 de dezembro, para manter a liquidez adequada.
Núcleo da deliberação: Corte preventivo e ajustes na linguagem
● O Federal Reserve fez uma mudança sutil, porém crucial, na descrição da situação econômica em sua declaração de política. A declaração afirma que “a atividade econômica está se expandindo a um ritmo moderado”, ao mesmo tempo em que reconhece que “o crescimento do emprego desacelerou este ano, com a taxa de desemprego aumentando até setembro”.
Em comparação com declarações anteriores, foi removida a menção de que a taxa de desemprego estava “relativamente baixa”, refletindo as mudanças reais no mercado de trabalho.
● Quanto à inflação, o Fed admitiu que “a inflação aumentou desde o início do ano, permanecendo em níveis relativamente altos”. Essa expressão mantém o tom de cautela anterior em relação às pressões inflacionárias, em consonância com o dado de inflação núcleo de 2,8% em setembro.
● Sobre o caminho futuro da política, a declaração acrescentou novas orientações, indicando que, ao avaliar futuros ajustes, o Fed considerará cuidadosamente os dados mais recentes, as mudanças nas perspectivas econômicas e o equilíbrio de riscos. Essa mudança de redação sugere maior flexibilidade na política futura.
Conflito interno: divergências internas por trás da votação de 9 contra 3
● Os resultados da votação desta vez mostraram uma clara divisão de opiniões. Nove membros apoiaram um corte de 25 pontos base, enquanto três votaram contra.
● Entre os opositores, o diretor Stephen Milan defende um corte maior, preferindo uma redução de 50 pontos base de uma só vez. O presidente do Fed de Chicago, Austin Goolsbee, e o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, opõem-se a qualquer corte, defendendo a manutenção da taxa de juros.
● É a primeira vez desde 2019 que três dirigentes votaram contra a deliberação na mesma reunião do FOMC. Essa divisão evidencia as diferentes avaliações internas do Fed sobre os riscos econômicos: um lado mais preocupado com um enfraquecimento do mercado de trabalho, o outro com a persistência das pressões inflacionárias.
Análise do ponto de pontos: previsão do percurso da taxa de 2026-2027
De acordo com o mais recente gráfico de pontos, há uma clara divergência na expectativa dos dirigentes do Fed para o percurso da taxa em 2026.
● O gráfico mostra que, entre os 19 membros do FOMC, 4 acreditam que a taxa deve permanecer entre 3,50% e 3,75%, 4 apoiam uma redução de 25 pontos base, e 4 defendem uma redução de 50 pontos base. Outros 3 consideram que a taxa deve cair abaixo de 3%, e mais 3 acreditam que a taxa deve subir 25 pontos base.
● Apesar das divergências, a mediana das projeções indica que os membros esperam uma redução de 25 pontos base tanto em 2026 quanto em 2027. Isso sugere que, a partir do nível atual, a taxa pode cair para uma faixa de 3,00% a 3,25% até o final de 2027.
Expansão técnica do balanço: a essência do plano de compra de US$ 400 bilhões
● Além da decisão de redução de juros, o Fed anunciou uma operação importante de balanço. O comitê avaliou que “o saldo de reservas caiu para níveis adequados” e decidiu iniciar compras de títulos do Tesouro de curto prazo.
● O volume de compras no primeiro mês será de US$ 400 bilhões, e nos meses seguintes pode se manter em níveis elevados para aliviar as pressões no mercado monetário. Powell destacou na coletiva que essas operações “são puramente para manter uma liquidez adequada”, sem relação com a posição de política monetária.
● Essa operação marca uma mudança significativa na estrutura de implementação da política monetária do Fed. Ainda há duas semanas, o Fed concluía seu programa de QT( (quantitative tightening), que reduz o balanço ao não reinvestir os títulos que vencem.
Perspectivas econômicas: revisão para cima do crescimento e para baixo da inflação
● Nas projeções econômicas, os dirigentes do Fed mostraram otimismo maior para o crescimento em 2026, e uma leve redução na previsão de inflação.
● A mediana do crescimento do PIB em 2026 foi elevada de 1,8% para 2,3%, reforçando a confiança na resiliência econômica.
● Quanto à inflação, a expectativa mediana para a inflação do PCE em dezembro de 2026 foi revisada de 2,6% para 2,4%, ainda acima da meta de 2%. Essa mudança reflete a previsão de uma inflação mais gradual, embora reconheça que o processo de redução possa ser lento.
Contexto de política: dados complexos e pressões externas
● A decisão ocorreu em um cenário de dados econômicos complexos e pressões externas. A taxa de desemprego subiu de 4,1% em junho para 4,4% em setembro, enquanto a inflação ainda se mantém em torno de 2,8%.
● A paralisação do governo complicou ainda mais o cenário, adiando a divulgação de alguns dados econômicos importantes, o que aumenta a dificuldade na tomada de decisão do Fed.
● As pressões políticas também aumentam. O presidente Trump afirmou que decidirá, até maio de 2026, quem substituirá Powell na presidência do Fed, e indicou que divulgará o nome no início do próximo ano. Além disso, o Congresso criticou várias vezes a rapidez dos cortes de juros do Fed, levantando preocupações sobre a independência do banco central.
Impacto no mercado: gestão de expectativas e ações concretas
● O conjunto de políticas do Fed — corte preventivo e expansão técnica do balanço — terá múltiplos efeitos no mercado. A expectativa de queda de juros já está amplamente incorporada, mas as divergências internas surpreenderam alguns investidores.
● Quanto às operações de balanço, o Fed planeja manter uma alta escala de compras inicialmente, ajustando posteriormente conforme a demanda sazonal. Powell estima que, após o pico de arrecadação em abril de 2026, os valores mensais de compra podem cair para entre US$ 200 milhões e US$ 250 milhões.
● Essa estratégia reflete as lições aprendidas na crise de liquidez de 2019, quando o excesso de QT levou a volatilidade extrema no mercado de juros de curto prazo, forçando o Fed a intervir de emergência.
Após a divulgação da deliberação, os três principais índices de ações oscilaram fortemente durante o pregão. O mercado está digerindo a incerteza sobre o percurso das taxas e o impacto das operações de balanço.
O gráfico de pontos revela profundas divergências internas, sugerindo que cada passo futuro do Fed pode vir acompanhado de intensos debates internos. Com a proximidade do período de declaração de impostos em abril de 2026, o volume mensal de compras pode diminuir de US$ 400 milhões para US$ 200-250 milhões, mas essa “expansão técnica do balanço” já injetou liquidez no mercado de forma substancial.
O presidente do Fed de Nova York, Williams, admitiu que determinar se o mercado possui “liquidez suficiente” é uma “ciência imprecisa”. Nesse momento delicado, cada passo do Fed é como navegar com cautela em águas desconhecidas.
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A tripla jogada por trás dos cortes consecutivos de juros do Fed
Uma deliberação de taxa de juros aprovada por uma votação de 9 contra 3, descreve a intensa luta interna do Federal Reserve entre a persistência da inflação e os riscos no mercado de trabalho, com o equilíbrio da política inclinando-se novamente para um corte preventivo em resposta às mudanças sutis nos dados.
O Federal Reserve, com uma votação de 9 a 3, decidiu reduzir o intervalo-alvo da taxa de juros dos fundos federais em 25 pontos base, para 3,50%-3,75%. Esta é a terceira redução consecutiva desde setembro deste ano.
Junto com a deliberação sobre a taxa de juros, foi anunciada uma importante operação de balanço patrimonial: o Federal Reserve planeja comprar US$ 400 bilhões em títulos do Tesouro ao longo de 30 dias a partir de 12 de dezembro, para manter a liquidez adequada.
● O Federal Reserve fez uma mudança sutil, porém crucial, na descrição da situação econômica em sua declaração de política. A declaração afirma que “a atividade econômica está se expandindo a um ritmo moderado”, ao mesmo tempo em que reconhece que “o crescimento do emprego desacelerou este ano, com a taxa de desemprego aumentando até setembro”.
Em comparação com declarações anteriores, foi removida a menção de que a taxa de desemprego estava “relativamente baixa”, refletindo as mudanças reais no mercado de trabalho.
● Quanto à inflação, o Fed admitiu que “a inflação aumentou desde o início do ano, permanecendo em níveis relativamente altos”. Essa expressão mantém o tom de cautela anterior em relação às pressões inflacionárias, em consonância com o dado de inflação núcleo de 2,8% em setembro.
● Sobre o caminho futuro da política, a declaração acrescentou novas orientações, indicando que, ao avaliar futuros ajustes, o Fed considerará cuidadosamente os dados mais recentes, as mudanças nas perspectivas econômicas e o equilíbrio de riscos. Essa mudança de redação sugere maior flexibilidade na política futura.
● Os resultados da votação desta vez mostraram uma clara divisão de opiniões. Nove membros apoiaram um corte de 25 pontos base, enquanto três votaram contra.
● Entre os opositores, o diretor Stephen Milan defende um corte maior, preferindo uma redução de 50 pontos base de uma só vez. O presidente do Fed de Chicago, Austin Goolsbee, e o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, opõem-se a qualquer corte, defendendo a manutenção da taxa de juros.
● É a primeira vez desde 2019 que três dirigentes votaram contra a deliberação na mesma reunião do FOMC. Essa divisão evidencia as diferentes avaliações internas do Fed sobre os riscos econômicos: um lado mais preocupado com um enfraquecimento do mercado de trabalho, o outro com a persistência das pressões inflacionárias.
De acordo com o mais recente gráfico de pontos, há uma clara divergência na expectativa dos dirigentes do Fed para o percurso da taxa em 2026.
● O gráfico mostra que, entre os 19 membros do FOMC, 4 acreditam que a taxa deve permanecer entre 3,50% e 3,75%, 4 apoiam uma redução de 25 pontos base, e 4 defendem uma redução de 50 pontos base. Outros 3 consideram que a taxa deve cair abaixo de 3%, e mais 3 acreditam que a taxa deve subir 25 pontos base.
● Apesar das divergências, a mediana das projeções indica que os membros esperam uma redução de 25 pontos base tanto em 2026 quanto em 2027. Isso sugere que, a partir do nível atual, a taxa pode cair para uma faixa de 3,00% a 3,25% até o final de 2027.
● Além da decisão de redução de juros, o Fed anunciou uma operação importante de balanço. O comitê avaliou que “o saldo de reservas caiu para níveis adequados” e decidiu iniciar compras de títulos do Tesouro de curto prazo.
● O volume de compras no primeiro mês será de US$ 400 bilhões, e nos meses seguintes pode se manter em níveis elevados para aliviar as pressões no mercado monetário. Powell destacou na coletiva que essas operações “são puramente para manter uma liquidez adequada”, sem relação com a posição de política monetária.
● Essa operação marca uma mudança significativa na estrutura de implementação da política monetária do Fed. Ainda há duas semanas, o Fed concluía seu programa de QT( (quantitative tightening), que reduz o balanço ao não reinvestir os títulos que vencem.
● Nas projeções econômicas, os dirigentes do Fed mostraram otimismo maior para o crescimento em 2026, e uma leve redução na previsão de inflação.
● A mediana do crescimento do PIB em 2026 foi elevada de 1,8% para 2,3%, reforçando a confiança na resiliência econômica.
● Quanto à inflação, a expectativa mediana para a inflação do PCE em dezembro de 2026 foi revisada de 2,6% para 2,4%, ainda acima da meta de 2%. Essa mudança reflete a previsão de uma inflação mais gradual, embora reconheça que o processo de redução possa ser lento.
● A decisão ocorreu em um cenário de dados econômicos complexos e pressões externas. A taxa de desemprego subiu de 4,1% em junho para 4,4% em setembro, enquanto a inflação ainda se mantém em torno de 2,8%.
● A paralisação do governo complicou ainda mais o cenário, adiando a divulgação de alguns dados econômicos importantes, o que aumenta a dificuldade na tomada de decisão do Fed.
● As pressões políticas também aumentam. O presidente Trump afirmou que decidirá, até maio de 2026, quem substituirá Powell na presidência do Fed, e indicou que divulgará o nome no início do próximo ano. Além disso, o Congresso criticou várias vezes a rapidez dos cortes de juros do Fed, levantando preocupações sobre a independência do banco central.
● O conjunto de políticas do Fed — corte preventivo e expansão técnica do balanço — terá múltiplos efeitos no mercado. A expectativa de queda de juros já está amplamente incorporada, mas as divergências internas surpreenderam alguns investidores.
● Quanto às operações de balanço, o Fed planeja manter uma alta escala de compras inicialmente, ajustando posteriormente conforme a demanda sazonal. Powell estima que, após o pico de arrecadação em abril de 2026, os valores mensais de compra podem cair para entre US$ 200 milhões e US$ 250 milhões.
● Essa estratégia reflete as lições aprendidas na crise de liquidez de 2019, quando o excesso de QT levou a volatilidade extrema no mercado de juros de curto prazo, forçando o Fed a intervir de emergência.
Após a divulgação da deliberação, os três principais índices de ações oscilaram fortemente durante o pregão. O mercado está digerindo a incerteza sobre o percurso das taxas e o impacto das operações de balanço.
O gráfico de pontos revela profundas divergências internas, sugerindo que cada passo futuro do Fed pode vir acompanhado de intensos debates internos. Com a proximidade do período de declaração de impostos em abril de 2026, o volume mensal de compras pode diminuir de US$ 400 milhões para US$ 200-250 milhões, mas essa “expansão técnica do balanço” já injetou liquidez no mercado de forma substancial.
O presidente do Fed de Nova York, Williams, admitiu que determinar se o mercado possui “liquidez suficiente” é uma “ciência imprecisa”. Nesse momento delicado, cada passo do Fed é como navegar com cautela em águas desconhecidas.