A Comissão de Valores Mobiliários de Hong Kong divulga novo comunicado com sinais positivos: as bolsas podem compartilhar livros de ordens pendentes, aumentando a profundidade do mercado ou potencialmente impulsionando uma subida

Escrito por: Fintax

  1. Introdução

Em 3 de novembro de 2025, coincidiendo com a grandiosa realização da «Semana de Fintech de Hong Kong», a Comissão de Valores Mobiliários e de Futuros de Hong Kong (doravante SFC) publicou simultaneamente duas circulares regulatórias de marco — a «Circular sobre Compartilhamento de Liquidez em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos» e a «Circular sobre Expansão de Produtos e Serviços em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos». As circulares indicam que, cumprindo os requisitos regulatórios e obtendo aprovação prévia por escrito, as exchanges de ativos criptográficos licenciadas podem compartilhar o livro de ordens com plataformas estrangeiras em conformidade, para integrar a liquidez, ao mesmo tempo que ampliam o escopo de produtos e serviços da plataforma, incluindo a oferta de ativos virtuais de curto prazo a investidores profissionais. Esta decisão foi anunciada durante um evento que reúne dezenas de milhares de especialistas em fintech globais, com uma estratégia clara: Hong Kong está a avançar com determinação sem precedentes, considerando os ativos criptográficos uma ferramenta-chave para consolidar sua posição como centro financeiro internacional. Este artigo abordará, com base na trajetória delineada pelo roteiro ASPIRe da SFC, o significado da publicação dessas novas circulares na regulação da economia cripto, além de discutir seus potenciais impactos futuros em plataformas, investidores e na estrutura do mercado.

  1. Análise do conteúdo das circulares

2.1 «Circular sobre Compartilhamento de Liquidez em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos»

A «Circular sobre Compartilhamento de Liquidez em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos» foca na melhoria da liquidez de mercado sob conformidade regulatória, permitindo principalmente que plataformas licenciadas de negociação de ativos virtuais (VATP) compartilhem seus livros de ordens com plataformas relacionadas no exterior, formando um pool de liquidez global maior e mais profundo, melhorando a descoberta de preços, a eficiência das negociações e reduzindo as diferenças de preço entre regiões.

A circular enfatiza uma gestão rigorosa do risco de liquidação, incluindo o uso do mecanismo DVP (Delivery versus Payment), liquidação diária, estabelecimento de mecanismos de compensação, garantia de custódia segura dos ativos criptográficos dos clientes, além de exigir que a plataforma estabeleça regras legalmente vinculativas para o compartilhamento do livro de ordens, crie mecanismos de supervisão de mercado transfronteiriços e divulgue adequadamente os riscos aos clientes (especialmente investidores de varejo), obtendo sua confirmação de participação.

Adicionalmente, a plataforma deve solicitar aprovação prévia à Comissão de Valores Mobiliários, incluindo cláusulas e condições correspondentes na licença. O núcleo desta circular é permitir que operadores de plataformas de ativos virtuais licenciadas integrem seus livros de ordens com operadores de plataformas estrangeiras qualificadas, formando um pool de liquidez compartilhada, possibilitando a execução de negociações cruzadas entre plataformas. Este mecanismo exige o uso do método de liquidação DVP, implementação de liquidação intradiária e monitoramento de limites de negociações não liquidadas, além de estabelecer um fundo de reserva e seguros ou arranjos de compensação de valor não inferior ao limite de liquidez, para cobrir riscos de ativos de liquidação. A supervisão de mercado deve ser unificada, com capacidade de fornecer dados de transações e clientes à SFC em tempo real, e a divulgação de riscos aos investidores de varejo deve ser feita de forma completa, com confirmação de participação.

2.2 «Circular sobre Expansão de Produtos e Serviços em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos»

A «Circular sobre Expansão de Produtos e Serviços em Plataformas de Negociação de Ativos Criptográficos» concentra-se na ampliação do escopo de produtos e serviços oferecidos pela plataforma, definindo que «ativos digitais» incluem ativos criptográficos, stablecoins e valores mobiliários tokenizados, além de flexibilizar os requisitos de inclusão de ativos, como a eliminação do requisito de 12 meses de histórico para investidores profissionais (PI) em relação aos ativos criptográficos, e permitir que stablecoins já licenciadas por reguladores possam ser emitidas diretamente a investidores de varejo.

A circular também propõe revisar as condições de licenciamento das plataformas, permitindo que VATP participe na distribuição de produtos de investimento relacionados a ativos digitais e valores mobiliários tokenizados, além de oferecer serviços de custódia para ativos digitais não negociados na plataforma (incluindo valores mobiliários tokenizados), desde que atendam aos requisitos técnicos, de segurança, monitoramento e combate à lavagem de dinheiro. O foco é na «diversificação de produtos», eliminando o requisito de 12 meses de histórico para ativos criptográficos vendidos a investidores profissionais (incluindo stablecoins), e permitindo que emissores licenciados de stablecoins possam vendê-las a investidores de varejo. Além disso, plataformas podem distribuir produtos de investimento relacionados a valores mobiliários tokenizados e ativos digitais, desde que estejam em conformidade com a legislação vigente, podendo também oferecer serviços de custódia por entidades relacionadas para ativos digitais não negociados.

  1. Motivos para a emissão das circulares: continuidade estratégica e resposta do mercado

3.1 Continuidade da estratégia ASPIRe

A publicação das duas circulares não é uma medida isolada, mas uma implementação concreta do roteiro ASPIRe, divulgado pela SFC em 19 de fevereiro de 2025. Este roteiro é estruturado em cinco pilares: Acesso (Access), Salvaguardas (Safeguards), Produtos (Products), Infraestrutura (Infrastructure) e Relações (Relationships), definindo a direção regulatória de longo prazo para o mercado de ativos criptográficos de Hong Kong.

Especificamente, a Circular sobre Compartilhamento de Liquidez responde ao pilar Acesso do roteiro ASPIRe — visando fortalecer a conexão de liquidez entre Hong Kong e plataformas estrangeiras, melhorar a eficiência do mercado e oferecer aos investidores locais uma liquidez global mais profunda e ampla. Já a Circular sobre Expansão de Produtos e Serviços responde ao pilar Produtos, buscando atender às necessidades diversificadas de diferentes tipos de investidores, ao mesmo tempo que equilibra controle de riscos e proteção ao investidor.

O CEO da SFC, Lei Fong-yee, destacou em um fórum durante a Semana de Fintech que Hong Kong está evoluindo de um ecossistema fechado, centrado na proteção do investidor e em plataformas licenciadas, para uma fase importante de «conectar o mercado local à liquidez global». Essa iniciativa permite que plataformas licenciadas compartilhem livros de ordens com plataformas estrangeiras relacionadas, permitindo que investidores locais acessem liquidez global e atraindo esses fluxos de liquidez para o mercado de ativos virtuais de Hong Kong.

Ilustração do roteiro ASPIRe (Fonte: SFC de Hong Kong)

3.2 Resposta à crise de liquidez do mercado

Outro motivo para a publicação das circulares é responder à crise de liquidez do mercado de criptomoedas de Hong Kong.

Segundo o diretor executivo do Hong Kong New Economy Institute, Fu Rao, o mercado de ativos criptográficos de Hong Kong enfrenta há muito tempo duas questões fundamentais: primeiro, a baixa liquidez e escassez de livros de ordens locais, com muitos tokens visíveis em preço, mas sem negociações efetivas; segundo, diferenças de preço frequentes entre plataformas domésticas e internacionais, com diferenças de preço e slippage evidentes para o mesmo ativo entre Hong Kong e grandes plataformas estrangeiras. Isso afeta a experiência do investidor e prejudica a credibilidade de Hong Kong como centro de formação de preços. A estrutura de compartilhamento de liquidez proposta nas circulares é uma resposta institucional a esses problemas — ao «importar» liquidez estrangeira de forma seletiva, usando uma estrutura regulatória ao invés de ações espontâneas de mercado, para mitigar a escassez de liquidez e as diferenças de preço. Para o mercado de Hong Kong, a descoberta de preços deixará de depender de um pequeno pool local, acessando pools globais regulados, o que deve reduzir as diferenças de preço e aproximar as negociações do nível global real.

De uma perspectiva mais profunda, a publicação dessas duas circulares marca uma mudança na regulação de Hong Kong de uma postura de «guardião» para uma de «facilitador»: as novas regras deixam de ser apenas restritivas e passam a criar condições para que instituições participem de atividades de ativos digitais de forma regulada; não apenas bloqueando riscos, mas também promovendo inovação, incluindo atividades em áreas cinzentas sob supervisão. Segundo Fu Rao, a regulação de Hong Kong nunca foi uma liberação irrestrita, mas uma abertura condicionada, sob controle de riscos. O mecanismo de compartilhamento do livro de ordens apresenta linhas vermelhas claras: cooperação apenas com entidades licenciadas, compartilhamento de dados dentro de um quadro regulatório, e a sincronização de ativos sob a lógica de liquidação «货银两讫» (Delivery-versus-Payment, DvP), garantindo um ciclo de supervisão verificável e responsável. Essa estrutura visa mitigar riscos legais, técnicos e de contraparte associados à cooperação transfronteiriça, formando um ciclo regulatório verificável e responsável.

  1. Impacto no mercado de criptomoedas de Hong Kong

4.1 Reconstrução da confiança no hub de ativos digitais

Sob a ótica regulatória, a publicação das circulares reflete o princípio central de Hong Kong de «mesmas atividades, mesmos riscos, mesmas regras». O diretor executivo do Departamento de Intermediação da SFC, Dr. Ye Chi-hang, destacou que o novo roteiro mantém os princípios centrais de proteção ao investidor, liquidez sustentável e regulação flexível, respondendo precisamente aos desafios do emergente mercado de ativos criptográficos.

É importante notar que, além de promover o desenvolvimento de mercado, as circulares também reforçam requisitos rigorosos de gestão de riscos. O mecanismo de compartilhamento de liquidez exige que plataformas estrangeiras relacionadas tenham estruturas regulatórias alinhadas às recomendações do FATF e às diretrizes da IOSCO para ativos criptográficos, além de serem supervisionadas continuamente pelas autoridades locais; no que tange à liquidação, exige-se a implementação de pré-pagamento integral, DVP e limites diários de negociações não liquidadas; na proteção ao investidor, recomenda-se a criação de fundos de compensação ao cliente e arranjos de seguro.

Simultaneamente, a SFC continua fortalecendo a supervisão anti-lavagem de dinheiro. Em 17 de novembro de 2025, foi publicada uma circular importante que exige que as entidades licenciadas e plataformas de ativos criptográficos estejam vigilantes quanto a transferências suspeitas de fundos que indiquem atividades de camadas múltiplas, para prevenir lavagem de dinheiro. Além disso, há uma cooperação estreita com a polícia para estabelecer um mecanismo de «parada de pagamento 24/7», aprimorando a detecção e prevenção de crimes com ativos virtuais.

4.2 Oportunidades e desafios na configuração do investimento

Para plataformas e operadores, o principal benefício das circulares é a ampliação significativa do espaço de negócios. A circular de expansão de produtos permite que plataformas lancem rapidamente novos tokens e stablecoins, distribuam valores mobiliários tokenizados e produtos de ativos digitais, além de expandir serviços de custódia. A circular de compartilhamento de liquidez ajuda a aumentar a profundidade e eficiência das negociações, melhorando a experiência do usuário.

Por outro lado, o aumento dos custos de conformidade é um desafio importante. Participar do compartilhamento de liquidez exige a implementação de sistemas complexos de liquidação transfronteiriça, planos de supervisão de mercado unificados, fundos de reserva, entre outros, elevando as exigências técnicas, financeiras e de conformidade das plataformas.

No ecossistema do setor, em 2025, observa-se uma tendência clara de fusão na indústria de criptomoedas de Hong Kong. Instituições financeiras tradicionais estão adotando ativamente negócios de criptografia, com mais de 40 corretoras, 35 gestoras de fundos e 10 grandes bancos envolvidos. A cultura nativa de cripto, a cultura de fintech na internet e a cultura financeira tradicional estão em processo de ruptura e fusão, moldando um ecossistema único na indústria de Hong Kong.

  1. Conclusão e perspectivas

A publicação das circulares pela SFC marca uma nova fase na regulação de ativos criptográficos em Hong Kong. Representa não apenas uma resposta institucional à crise de liquidez do mercado local, mas também uma estratégia de Hong Kong para conquistar uma posição regulatória de destaque na competição global por ativos digitais.

Por um lado, a SFC e o HKMA estão promovendo uma integração profunda entre finanças tradicionais e tecnologia blockchain. A visão «Fintech 2030» do HKMA impulsionará a tokenização financeira, liderando a demonstração de ativos tokenizados. O projeto piloto e-HKD também avança, com foco em liquidação de ativos tokenizados, pagamentos programáveis e pagamentos offline; por outro lado, de uma perspectiva global, os quadros regulatórios de Hong Kong, Cingapura e Emirados Árabes Unidos estão cada vez mais alinhados. A legislação da UE (MiCA), o sistema VARA de Dubai e o sistema de licenciamento VASP de Hong Kong estão se aproximando em princípios centrais, todos enfatizando proteção ao investidor, conformidade anti-lavagem e integridade de mercado. Ao alinhar-se com padrões internacionais, Hong Kong pode desempenhar um papel de ponte importante na coordenação regulatória global de ativos digitais.

Olhar para o futuro, com a contínua expansão de produtos e serviços, o aceleramento do ecossistema de stablecoins e a profunda integração entre finanças tradicionais e Web3, Hong Kong tem potencial para se tornar um hub global de ativos digitais que conecta Oriente e Ocidente. Como afirmou o Dr. Ye Chi-hang, «Hong Kong, que evoluiu de uma pequena vila de pescadores para um centro financeiro líder mundial, tem capacidade de alcançar feitos semelhantes no mercado de ativos virtuais.»

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