Dás-te conta? O preço das ações de uma das principais empresas de análise de dados atingiu mais de 187 dólares em agosto deste ano, com um valor de mercado de 443 mil milhões de dólares, ultrapassando diretamente a soma das três maiores empresas de defesa.

Esta empresa foi fundada em 2020 e só custava 10 dólares na altura, agora multiplicou por quase 19 vezes. Desde o fundo de 5,92 dólares até agora, a valorização acumulada é de assustadores 31 vezes. Só neste início de ano, subiu mais 145%.

Ainda mais impressionante é que este crescimento não se deve à venda de produtos de consumo, ao treino de modelos de IA ou à fabricação de chips. A lista de clientes é simplesmente incrível — as agências de inteligência mais secretas dos EUA e os departamentos de defesa estão na fila para usar os seus sistemas de dados.

Mas há uma falha lógica aqui. O índice de preço-lucro futuro (forward P/E) é de 245 vezes, enquanto a média do setor é de apenas 24 vezes. Comparando com um gigante de chips frequentemente criticado por estar numa bolha, cujo índice de preço-lucro é de apenas 35 vezes, a avaliação de uma empresa de dados chega a um nível absurdo — porquê?

De um rótulo de "empresa maligna" no Vale do Silício a uma "ação símbolo do destino nacional", o que é que esta empresa passou a representar?

Por trás disso está uma reavaliação do valor estratégico. No contexto da geopolítica e da militarização da IA, as empresas que controlam o fluxo de dados estão a ser reexaminadas. Por mais grande que seja a bolha de avaliação, o mercado já aposta numa nova lógica para a era.