Guia para operar em bolsas asiáticas: Oportunidades e riscos em 2024

A sabedoria de Graham sobre avaliação de ativos ganha especial relevância quando observamos as bolsas asiáticas atuais. Quanto menor o preço, menor o risco; quanto maior o preço, maior a exposição. Sob essa ótica, os principais mercados da Ásia Oriental apresentam um atrativo particular no contexto econômico presente. Esta análise fornece os elementos-chave para entender as bolsas asiáticas, avaliar sua situação de mercado e projetar sua estratégia de investimento para o próximo ano.

Panorama atual das bolsas asiáticas

O foco de atenção nos mercados financeiros asiáticos concentra-se atualmente nos desafios tanto conjunturais quanto estruturais que enfrenta a economia chinesa, e quais medidas suas autoridades implementarão para reverter a situação presente.

Em termos de capitalização de mercado, as três principais bolsas asiáticas da China —Xangai, Hong Kong e Shenzhen— experimentaram uma destruição de valor próxima a 6 trilhões de dólares desde seus picos de 2021. Os resultados falam por si:

  • Índice China A50: recuo de 44,01%
  • Índice Hang Seng: queda de 47,13%
  • Índice Shenzhen 100: desabamento de 51,56%

Esse deterioro responde a múltiplos fatores concomitantes: o fracasso da política de zero-COVID, o endurecimento regulatório sobre corporações tecnológicas, a crise imobiliária que afeta o coração da economia, a contração da demanda externa e as restrições comerciais americanas sobre semicondutores de ponta destinados à China.

O resultado é evidente: a economia chinesa abandonou sua trajetória de expansão de dois dígitos, e os obstáculos estruturais tornam-se cada vez mais evidentes. O investimento estrangeiro direto diminui, a manufatura é redistribuída para economias emergentes como Índia, Vietnã e Indonésia, a demografia mostra envelhecimento acelerado com taxas de natalidade historicamente baixas, prenunciando declínio populacional e pressões no mercado de trabalho.

Respostas de política econômica

Diante dessa realidade, o banco central chinês (PBOC) anunciou uma redução de 50 pontos básicos no Coeficiente de Reservas Obrigatórias para instituições bancárias, movimento que liberaria aproximadamente 1 trilhão de yuan (equivalente a cerca de 139.450 milhões de dólares) para injeção na economia.

No entanto, a medida mais estratégica ainda em negociação seria um pacote de resgate do mercado acionário por aproximadamente 2 trilhões de yuan (278.900 milhões de dólares), financiado por contas externas de empresas estatais como componente de um fundo estabilizador projetado para adquirir valores locais e conter a sangria de vendas que observamos nas bolsas asiáticas.

Paralelamente, a autoridade monetária manteve a taxa preferencial de empréstimo a 12 meses em seu nível mínimo histórico de 3,45%, procedimento iniciado no final de 2021.

Adicionalmente, a China atualmente enfrenta pressões deflacionárias que revelam deterioração no consumo doméstico. As ações implementadas representam estímulos de liquidez convencionais, mas sua demora e falta de coordenação dentro de um programa integral geram questionamentos sobre sua suficiência para reativar a atividade econômica. Enquanto os mercados financeiros asiáticos observam o desfecho, os números oficiais mostram que o PIB chinês cresceu 5,2% no 4º trimestre de 2023, marginalmente abaixo das previsões, mas consideravelmente distante do crescimento explosivo das décadas anteriores.

Dimensões fundamentais do mercado asiático

Os mercados financeiros asiáticos englobam o universo de bolsas e mercados de capitais que operam em nações asiáticas, particularmente na região Ásia-Pacífico. Este continente, o mais extenso e populoso do planeta, tem experimentado um deslocamento progressivo do epicentro econômico mundial para seu território, gerando oportunidades significativas para participantes interessados nas bolsas asiáticas.

As economias mais relevantes por tamanho incluem:

China —segunda potência econômica global— abriga três dos maiores centros bursáteis da Ásia: a Bolsa de Valores de Xangai (a mais grande de toda a região), o Mercado de Hong Kong (HKEX) e a Bolsa de Shenzhen. Essas praças integram mais de 6.800 empresas listadas, embora existam condições específicas para investidores estrangeiros.

Índia —quinta economia mundial— possui múltiplos mercados de capitais, sendo a Bolsa de Valores de Bombaim seu principal centro, oferecendo acesso a mais de 5.500 empresas.

Subsequentemente, encontramos economias intermediárias já consolidadas: Coreia do Sul, Austrália, Taiwan, Cingapura e Nova Zelândia.

Igualmente relevantes são os mercados emergentes dinâmicos: Indonésia, Tailândia, Filipinas, Vietnã e Malásia, que aumentaram sua expansão econômica nas últimas décadas com resultados heterogêneos.

Volume de capitalização nas bolsas asiáticas

Segundo dados de mercado para 2023, os maiores centros bursáteis da Ásia por capitalização foram:

  • Xangai: 7.357 trilhões de dólares (líder indiscutível)
  • Tóquio (Japão): 5.586 trilhões
  • Shenzhen: 4.934 trilhões
  • Hong Kong: 4.567 trilhões

O total combinado das bolsas asiáticas chinesas atingiu 16.860 trilhões de dólares, seguidas pelos mercados da Índia, Coreia do Sul, Austrália e Taiwan. Essa concentração reflete a importância da China como motor financeiro regional.

Horários operacionais e sincronização de sessões

Para quem opera de locais europeus, entender os horários das bolsas asiáticas é fundamental. Tomando Madrid como referência (zona horária CET/GMT+1):

  • Tóquio (GMT+9): diferença de 8 horas
  • Xangai, Shenzhen, Hong Kong (GMT+8): diferença de 7 horas

Se reside em Madrid e deseja operar essas bolsas asiáticas em tempo real, deve estar ativo entre as 1:00 da manhã (abertura de Tóquio) e as 9:00 da manhã (fechamento de Hong Kong).

A sobreposição de horários entre os quatro principais mercados asiáticos ocorre entre as 2:30 da manhã e as 8:00 da manhã, período que garante máximo volume e liquidez. Essa “sobreposição asiática” representa uma janela estratégica de oportunidades operacionais com alta transacionalidade.

Análise técnica dos principais índices

Índice China A50

Este indicador rastreia 50 ações classe A de Xangai e Shenzhen, selecionadas por capitalização de mercado, representando as maiores e mais líquidas corporações da China continental.

O China A50 mantém uma tendência de baixa desde fevereiro de 2021 (máximo histórico: 20.603,10$). Atualmente cotado a 11.160,60$, aproximadamente 9,6% abaixo de sua média móvel exponencial de 50 semanas (12.232,90$). O Índice de Força Relativa oscila descendente abaixo de sua zona média, indicando consolidação de baixa.

Níveis técnicos-chave: 8.343,90$ (mínimos de 2015), 10.169,20$ (mínimos de 2018), 15.435,50$ (máximos de 2015). Para giros de alta sustentados, é necessária uma ruptura clara de tendência e reconfiguração de indicadores de momentum.

Índice Hang Seng

Ponderado por capitalização, rastreia empresas principais de Hong Kong, cobrindo 65% da capitalização total com mais de 80 empresas multissetoriais. Apresenta dinâmicas similares ao China A50: cotiza abaixo de sua linha de tendência de baixa, RSI em consolidação de baixa, nível atual 16.077,25 HK$. Resistências próximas em 18.278,80 HK$ e 24.988,57 HK$.

Índice Shenzhen 100

Mede as 100 principais ações classe A listadas em Shenzhen, operando em tendência de baixa desde fevereiro de 2021 (máximo: 8.234,00 yuans). Cotiza atualmente a 3.838,76 yuans, 16,8% abaixo de sua média de 50 semanas. O RSI próximo de sobrevenda (30). Suportes relevantes em 2.902,32 yuans (2018) e 4.534,22 yuans (2010).

Apesar do desempenho negativo atual, há potencial latente nessas bolsas asiáticas condicionado à melhora da atividade econômica e políticas favoráveis.

Desafios estruturais da região

A região Ásia-Pacífico enfrenta quatro desafios fundamentais:

1. Instabilidade geopolítica: A região é epicentro de múltiplos focos de tensão (Península Coreana, Mar da China Meridional, Estreito de Taiwan, fronteira Índia-China), com risco de escalada comercial ou militar que comprometeria estabilidade e cooperação.

2. Desaceleração do crescimento econômico: Espera-se que a China mantenha ritmos mais moderados, gerando efeitos colaterais em economias dependentes de comércio, investimento e turismo regional. A recuperação pós-COVID ainda prossegue.

3. Transição demográfica acelerada: Envelhecimento populacional, urbanização intensiva, migração e mudança nos papéis sociais dos jovens geram pressões sobre a seguridade social, o meio ambiente, a disponibilidade de mão de obra e desajustes de competências laborais.

4. Vulnerabilidade climática: A região enfrentará impactos crescentes de eventos extremos, biodiversidade comprometida e insegurança alimentar. Simultaneamente, representa aproximadamente 50% das emissões globais de gases de efeito estufa, exigindo equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade energética.

Contexto de hegemonia dos mercados globais

A liderança absoluta permanece com os Estados Unidos, que concentravam 58,4% da capitalização de mercado global em 2022. Essa supremacia resulta do crescimento prolongado do século XX, força institucional e manutenção do dólar como moeda de reserva mundial.

Os principais mercados asiáticos (Japão, China, Austrália) em conjunto possuíam quota de 12,2%. Embora a diferença seja substancial, é instrutivo recordar que o Japão atingiu 40% de quota em 1989 — até superior aos EUA — antes de seu declínio prolongado. No caso da China, seu desempenho até agora tem sido notável, mas o papel central do Estado na economia pode limitar oportunidades futuras de crescimento, afetando as perspectivas das bolsas asiáticas.

Opções de investimento em mercados asiáticos

Ações diretas

Investimento direto em ações: As principais corporações chinesas competem em magnitude com gigantes ocidentais. State Grid (serviços básicos), China National Petroleum e Sinopec (energia) lideram por receitas. Essas aquisições enfrentam restrições para investidores minoritários estrangeiros.

Alternativas mais acessíveis incluem empresas de economia digital e manufatura: JD.com (comércio eletrônico, 156 bilhões$ em receitas), Alibaba, Tencent, Pinduoduo, Vipshop e BYD (veículos). Essas podem ser adquiridas por meio de ADRs em bolsas ocidentais.

Derivados e produtos alternativos

Para operação indireta, existem instrumentos derivados como Contratos por Diferença, permitindo especulação sem posse do ativo subjacente. Estes são negociados em plataformas reguladas, proporcionando exposição a índices, ações e pares de divisas asiáticas.

Conclusão: Monitoramento de políticas

Se seu objetivo é participar dos mercados financeiros asiáticos — particularmente na China —, a estratégia prioritária consiste em acompanhamento contínuo de anúncios relativos a estímulos monetários, fiscais e regulatórios. Essa é a métrica à qual deve-se prestar atenção sistematicamente. O timing de entrada dependerá de sinais de mudança de tendência em políticas governamentais e confirmação técnica de reversões de baixa.

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