Economia de Suficiência: A Filosofia de Vida Sustentável dos Tailandeses

Origens e fundamentos do conceito de suficiência

Economia de suficiência não é um termo novo, pois os povos tailandeses estão familiarizados com este princípio há muito tempo. No entanto, foi oficialmente reconhecido e incorporado como política em 1974, quando o Rei Bhumibol Adulyadej anunciou orientações de vida para os estudantes da Universidade de Kasetsart.

O núcleo dessa orientação real concentra-se na construção de uma base econômica sólida sob o princípio “pouco, suficiente para comer, suficiente para usar”. Isso foi uma resposta às condições econômicas da época, quando a Tailândia estava avançando em investimentos maciços em infraestrutura, financiados principalmente por empréstimos estrangeiros, levando à dependência de exportações agrícolas, desmatamento e desigualdade de renda.

Significado profundo da economia de suficiência

Para compreender verdadeiramente a economia de suficiência, é preciso ir além de uma definição superficial. Este conceito é uma estrutura de entendimento que abrange vários níveis, desde o indivíduo, a comunidade, até o sistema econômico do país como um todo.

No nível individual, suficiência significa ter consciência na vida, não apenas possuir recursos suficientes, mas também avaliar suas próprias necessidades, estabelecer metas realistas e administrar recursos de forma eficiente, levando a um equilíbrio na vida, seja na geração de renda ou nos gastos.

Além disso, inclui razão na tomada de decisões, usando consciência e potencial próprio antes de seguir por um caminho. Por exemplo, antes de entrar em um negócio, a pessoa deve estudar sua viabilidade, planejar cuidadosamente, considerar pontos fortes e fracos, e criar um sistema de imunidade suficiente para suportar riscos potenciais.

Três pilares e duas condições da economia de suficiência

O núcleo dessa ideia baseia-se nos chamados 3 pilares e 2 condições, que estão interligados de forma estreita.

3 pilares

Primeiro pilar: moderação reflete uma vida equilibrada, sem excessos ou escassez, sem arrogância ou ressentimento, tanto na geração de renda por meios honestos quanto no consumo compatível com a condição de cada um.

Segundo pilar: razão envolve usar a consciência e o discernimento na avaliação da adequação de ações, analisando prós e contras, e evitando decisões impulsivas ou sem dados.

Terceiro pilar: sistema de imunidade refere-se à preparação para lidar com mudanças, internas ou externas. Este sistema proporciona flexibilidade e capacidade de adaptação às circunstâncias.

2 condições

Primeira condição: conhecimento proveniente de estudos, experiências pessoais e aprendizado com especialistas. Este conhecimento serve como ferramenta para planejamento, resolução de problemas e aprimoramento das ações.

Segunda condição: virtude que fundamenta ações corretas e justas, incluindo honestidade, perseverança, esforço e tratamento justo aos outros.

Mudança curricular para a prática

Um mês antes da crise econômica que abalou a Tailândia em 1997, a monarquia reforçou a importância de seguir uma via equilibrada, dizendo: “O que você é não importa tanto; o importante é termos uma economia que nos sustente. Ter uma economia que nos sustente significa ter uma economia de ‘pouco, suficiente para comer’, o que não quer dizer que a família deva produzir tudo por si mesma, mas que, ao nível da vila ou distrito, deve haver suficiência para atender às necessidades. O excedente pode ser vendido, mas sem exageros, para evitar altos custos de transporte.”

Após a crise de 1997, esses princípios foram amplamente adotados em toda a Tailândia, por cidadãos, organizações comunitárias e até pelo governo. Mesmo diante de dificuldades econômicas, as pessoas passaram a buscar formas de viver de maneira mais confiável.

A grandeza da economia de suficiência no palco mundial

Após vários anos, a frase que antes era apenas um princípio de vida passou a ser um objetivo de desenvolvimento global. A Organização das Nações Unidas ((UN)) reconheceu e apoiou a filosofia da economia de suficiência em 2006, vendo nela uma consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ((Sustainable Development Goals)).

A ONU também homenageou o Rei Bhumibol Adulyadej como um “Rei Desenvolvedor” ((“Developer King”)) e concedeu o prêmio máximo de realização em desenvolvimento humano ((Human Development Lifetime Achievement Award)), reconhecendo seu apoio às mudanças globais.

Implementação prática

No setor industrial e comercial

Ao aplicar a economia de suficiência nos negócios, os gestores devem buscar lucros moderados, evitando a ganância excessiva. Devem optar por tecnologias industriais econômicas, gerenciar riscos com cautela e seguir princípios morais na contratação, sem explorar empregados, consumidores ou parceiros comerciais.

O incentivo ao uso de matérias-primas locais e a priorização do mercado local são essenciais. A produção deve ser dimensionada de acordo com a capacidade de gestão, focando no lucro a longo prazo, ao invés de ganhos rápidos e elevados a curto prazo.

No setor agrícola

A aplicação na agricultura pode assumir várias formas, desde a agricultura integrada, que combina cultivo de arroz, hortas, criação de animais e escavação de reservatórios, até a agricultura de nova teoria, que divide o solo em proporções de 30:30:30:10 para uso eficiente, incluindo cultivo para consumo, criação de peixes, criação de animais e plantio de árvores de grande porte.

A formação de grupos de agricultores, a criação de mercados comunitários e a constituição de cooperativas ampliam o alcance da suficiência, passando do nível familiar para o comunitário e regional.

Aplicação na vida diária

No nível individual e familiar, os princípios podem ser aplicados por meio de educação adicional para aumentar a capacidade de sustento, mantendo a honestidade e evitando prejudicar os outros.

A importância do planejamento financeiro, da poupança consciente e do consumo racional, sem excessos ou imprudência, também é fundamental. Além disso, equilibrar trabalho e vida pessoal ajuda a fortalecer o sistema imunológico, evitando estresse e pressão que possam prejudicar a saúde mental.

Significado de longo prazo

A economia de suficiência não é uma proibição ao progresso, nem uma vida estagnada. É uma escolha por um crescimento estável, sustentável, sem se deixar levar por uma busca desenfreada por crescimento rápido. Seja por comunidades autossuficientes, indústrias sólidas ou países avançados que não buscam crescimento descontrolado, o princípio é aplicável a todos os aspectos da vida.

A importância da economia de suficiência para a Tailândia, um país agrícola, é incomensurável, pois representa uma reverência aos princípios de autossuficiência, à estabilidade econômica verdadeira e à preservação do modo de vida do povo tailandês em paz e equilíbrio.

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