Na verdade, acredito que, ao analisarmos racionalmente toda a situação, as condições atuais do mercado fazem sentido.
O ouro está subindo de maneira impressionante, superando amplamente tanto as ações quanto as criptomoedas.
Isso acontece porque os principais Estados-nação — como China, Índia, Rússia e, em parte, os próprios Estados Unidos — estão valorizando o ouro como parte da transição do UST (US Treasury/Sovereign Bond) como “ativo de reserva mundial”.
Esse processo foi provocado principalmente por 1) excesso de gastos dos EUA e 2) pela apreensão das reservas russas de câmbio e títulos do Tesouro pelos EUA há alguns anos, o que evidenciou que os USTs já não podem ser considerados ativos de reserva “neutros”.
Analistas macro como Doomberg, Luke Gromen e meu amigo @noahseidman já abordaram esse tema extensivamente, mas faz todo sentido, do ponto de vista da teoria dos jogos, que, após verem os EUA agirem assim, Rússia, China e Índia tenham decidido que é mais seguro possuir mais ouro e menos USTs...
As ações americanas continuam subindo, mas sem exageros.
O motivo é que o mercado de ações dos EUA virou um mecanismo automático alimentado por aportes passivos do sistema 401k e do setor de investimentos automáticos (como Mike Green explica há anos).
Todos os trabalhadores comuns têm suas aposentadorias investidas nos principais índices mensalmente, independentemente do preço ou de outros fatores, e por isso, no longo prazo, os índices continuam subindo.
Além disso, o mercado de ações dos EUA tem se consolidado como “mercado de ações global”, já que a economia mundial está cada vez mais online. Por ser o melhor ambiente para formação de capital, faz sentido que as maiores empresas globais — Amazon, Nvidia, Apple, Microsoft etc. — sejam todas americanas.
Essa tendência deve se manter até que a dinâmica evolua ainda mais e as criptomoedas passem a ser o principal ambiente de formação de capital mundial.
O mercado imobiliário dos EUA (e de vários países desenvolvidos, onde a maioria dos imóveis é financiada) permanece praticamente congelado por causa das taxas de juros elevadas.
Hoje há US$ 37 trilhões em patrimônio no setor residencial dos EUA, mas esse valor está inacessível porque ninguém quer refinanciar com saque a taxas mais altas que as do financiamento atual, vender o imóvel e assumir um novo financiamento mais caro ou contratar um HELOC (linha de crédito imobiliário) com juros exorbitantes, acima de dois dígitos.
O mercado cripto se recuperou dos mínimos de 2022, causados pelo ciclo de alta de juros e pelo colapso de Luna e FTX, e basicamente voltou ao ‘status quo’.
Estamos cerca de 25% maiores do que no topo de 2021, mas ainda menores que $NVDA e com valor de mercado equivalente a pouco mais de 1/10 do ouro.
A razão pela qual não tivemos um “bull market” é que o cenário macro ainda não passou por grandes injeções de liquidez como aconteceu em 2021.
Muitos atribuem o bull market de 2021 aos cheques de estímulo e ao isolamento social, mas como já destaquei, o principal fator foi o acesso a grandes volumes de patrimônio imobiliário.
Foi assim que o famoso “Cardano dad”, assistindo vídeos do Hosk no YouTube e comprando na Coinbase, conseguiu capital extra para investir no último ciclo.
Ele vendeu a casa e reinvestiu o patrimônio, fez refinanciamento com saque ou contratou um HELOC.
Considerando todos esses pontos, o cenário atual das classes de ativos faz sentido.
Para o mercado cripto, especificamente, é provável que o verdadeiro “bull market” comece no segundo trimestre de 2026, quando as taxas de juros finalmente caírem o suficiente para “descongelar” o mercado imobiliário americano.
Acredito que teremos cerca de seis trimestres de alta consistente.
Até que, no quarto trimestre de 2027 ou talvez no primeiro de 2028, o efeito pós-euforia e os primeiros sinais de incerteza eleitoral (imagine alguém como Mamdani liderando as primárias democratas nacionais) provoquem uma liquidação e novo “bear market”.
Portanto, não acredito que o “bull market” cripto tenha acabado, pois, na verdade, ele sequer começou.
Por isso, sigo acumulando, sigo me dedicando e mantenho o foco no segundo trimestre do próximo ano.
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