Em toda a África, a ascensão do dinheiro móvel e dos pagamentos digitais está a remodelar o panorama financeiro – e as maiores operadoras de telecomunicações do continente estão a intensificar esforços.
Diante da crescente procura por serviços financeiros de baixo custo, com abordagem móvel, as operadoras estão a criar subsidiárias fintech dedicadas, a captar capital, a obter licenças e a posicionar-se como as próximas potências financeiras pan-Africanas.
Por que as Telcos Estão a Tornar-se Fintechs
O setor de telecomunicações africano tem desempenhado há muito um papel fundamental na inclusão financeira. Serviços de dinheiro móvel como MTN MoMo e Airtel Money têm ajudado milhões de pessoas em todo o continente a terem acesso a ferramentas financeiras básicas, na ausência de infraestruturas bancárias tradicionais.
Mas a mudança de hoje é mais estrutural – e estratégica.
Em vez de gerir divisões de pagamentos como negócios secundários, as telcos estão a criar cada vez mais unidades fintech como entidades reguladas separadas. Isto permite-lhes:
Levantar financiamento independente
Desbloquear avaliações de mercado em setores fintech de alto crescimento
Cumprir os requisitos de licenciamento do banco central
Parcerias mais eficazes com bancos, startups e reguladores
Focar na inovação fora das estruturas tradicionais de telecomunicações
Grupo MTN: MoMo em Ascensão
O grupo MTN da África do Sul tem liderado esta mudança.
A sua plataforma Dinheiro Móvel (MoMo) foi desmembrada numa empresa autónoma, MTN Fintech, agora operacional em mais de 15 países. Em 2022, a empresa anunciou que visava uma avaliação de $5 mil milhões para a sua divisão fintech, com planos de atrair investidores estratégicos.
Até 2024, a MTN Fintech tinha:
Mais de 63 milhões de utilizadores ativos de MoMo em toda a África
Mais de 15 países com serviços MoMo ativos
Mais de 1,6 milhões de agentes e 500 mil comerciantes
Mais de $250 mil milhões em valor de transações processadas anualmente
Crescimento de receitas: as receitas fintech cresceram 20–25% ano a ano nos últimos trimestres
com players globais como Mastercard e Flutterwave, enquanto avança agressivamente em pagamentos a comerciantes, remessas, empréstimos e seguros.
O MTN MoMo está ativo em mercados de alto crescimento como:
Nigéria (sob licença de Banco de Serviços de Pagamento)
Gana (onde o MoMo é um método de pagamento digital dominante)
Uganda, Camarões, Costa do Marfim, Zâmbia, e mais
Em vários desses países, a MTN Fintech não só lidera na penetração do dinheiro móvel, como também avança em serviços adjacentes como seguros, pontuação de crédito e remessas internacionais.
As vitórias regulatórias também foram essenciais: a MTN MoMo obteve licenças de Banco de Serviços de Pagamento (PSB) na Nigéria, e licenças de dinheiro eletrónico em países como Uganda e Gana.
Em 2021, o Grupo MTN formalmente separou o MoMo numa subsidiária fintech autónoma, a MTN Fintech. O objetivo era claro:
“Separar estruturalmente os nossos negócios de fintech e fibra para desbloquear valor e atrair investidores estratégicos.” – Ralph Mupita, CEO do Grupo MTN
Esta decisão permite à MTN:
Cumprir as regulações financeiras locais (especialmente na Nigéria, Gana, Uganda)
Formar parcerias com players financeiros globais
Pursuir OPI ou investimento externo sem diluir a operadora-mãe
Integrar mais profundamente a fintech com as suas capacidades de dados e IA
Embora a MTN ainda não tenha cotado a MTN Fintech, o CEO Ralph Mupita indicou que uma OPI ou captação de capital privado é provável nos próximos 1–2 anos, dependendo das condições de mercado.
Airtel África: Cotação Fintech em Perspetiva
O rival Airtel África fez movimentos semelhantes.
O seu negócio Airtel Money foi desmembrado como Airtel Mobile Commerce em 2021, operando de forma independente com seu próprio CEO e estrutura de governação.
Este spin-off estratégico permite à Airtel:
Atrair capital externo fintech mantendo o controlo
Cumprir as exigências do banco central para propriedade não-telco dos serviços financeiros
Criar um caminho claro para IPO ou saída estratégica
Acelerar parcerias no setor bancário, pagamentos e empréstimos digitais
Em 2021–2022, a Airtel África arrecadou mais de $500 milhões para a sua unidade fintech junto de investidores como a Autoridade de Investimento do Qatar e Mastercard, avaliando o negócio em $2,65 mil milhões.
“Continuamos comprometidos em eventualmente listar o negócio de dinheiro móvel, assim que as condições de mercado permitirem.” – Segun Ogunsanya, CEO da Airtel África (2024)
Até 2024, a Airtel Mobile Commerce tinha:
Mais de 37 milhões de utilizadores ativos do Airtel Money
Presente em 14 mercados, incluindo Quénia, Uganda, Tanzânia, Zâmbia, Maláui, e RDC
Mais de $110 mil milhões em valor de transações anuais
Receitas fintech aumentaram 30% YoY, contribuindo com 15–20% do total do grupo
Mais de 450 mil agentes e pontos de venda
O Airtel Money já está ativo em 14 mercados africanos e, em 2024, a empresa reafirmou o plano de listar publicamente a unidade fintech, sinalizando o apetite dos investidores e a clareza estratégica em torno do negócio.
Safaricom & M-Pesa África: Expansão Regional
A Safaricom do Quénia, pioneira em dinheiro móvel a nível global através do M-Pesa, também entrou na tendência.
Em parceria com a matriz Vodafone, a Safaricom criou a M-Pesa África, uma joint venture separada para expandir o serviço além do Quénia.
Até 2024, a M-Pesa África tinha:
Mais de 60 milhões de utilizadores ativos em toda a África
Mais de $320 mil milhões em volume de transações anuais (2023)
Disponível em 7 países: Quénia, Tanzânia, Moçambique, RDC, Lesoto, Gana e Egito
Mais de 600 mil agentes e mais de 500 mil comerciantes
Gera mais de 40% das receitas totais da Safaricom
App M-PESA instalada por mais de 10 milhões de utilizadores
A M-Pesa África já opera em 7 países, incluindo Tanzânia, Moçambique e Gana, investindo fortemente em novos serviços como M-Pesa GlobalPay, integração de API para comerciantes, e pagamentos transfronteiriços.
Alguns parceiros estratégicos incluem:
VISA: Para impulsionar cartões virtuais e pagamentos digitais globais
Western Union e WorldRemit: Para remessas recebidas
Google: Integração do M-PESA na Google Play Store
Safaricom Etiópia: M-PESA lançado comercialmente na Etiópia em 2023, marcando um passo importante na expansão regional
Em 2024, a Safaricom ainda não anunciou planos formais de desmembrar ou listar a M-PESA África. No entanto, analistas e investidores especulam que:
A M-PESA poderia ser avaliada entre $8B–$10B se cotada independentemente
Um desmembramento ou listagem parcial poderia permitir à Vodafone e à Safaricom desbloquear valor enquanto expandem operações regionais
Uma IPO pode ocorrer assim que a expansão da M-PESA na Etiópia, Egito e África Ocidental atingir maturidade
Embora a M-Pesa ainda não tenha sido desmembrada numa empresa totalmente independente, a mudança estrutural rumo à consolidação fintech regional é clara.
“A nossa missão é ser a plataforma de pagamentos digitais preferida do continente — uma API, uma experiência, uma África.” – Sitoyo Lopokoiyit, CEO da M-PESA África
Orange, Ethio Telecom & Outros: Entrando na Tendência
Outras operadoras africanas também estão a acompanhar:
Orange Money é agora gerida sob Orange Middle East and Africa’s Orange Bank Africa, focando no Oeste de África e em mercados francófonos como Costa do Marfim e Senegal.
A estatal Ethio Telecom lançou telebirr, o seu próprio serviço de dinheiro móvel, em 2021 – e está a considerar opções de spin-off e licenciamento à medida que cresce a procura por finanças móveis.
Ethio Telecom, o monopólio estatal de telecomunicações na Etiópia, lançou o Telebirr em 2021 para liderar a transformação digital financeira do país. Num mercado onde mais de 65% da população permanece sem acesso a serviços bancários, o Telebirr está a tornar-se rapidamente numa das maiores plataformas de dinheiro móvel de África — em base de utilizadores — em apenas três anos.
Telebirr pelos Números (2024)
Em termos de potencial de mercado não explorado:
A Etiópia tem mais de 120 milhões de habitantes, mas menos de 35% com inclusão financeira
Penetração de telemóveis: cerca de 60%
A Ethio Telecom mantém-se como a operadora dominante, embora a Safaricom Etiópia seja uma nova entrada (e lançou o M-PESA em 2023)
Em 2024, o Telebirr detém mais de 90% de quota de mercado em carteiras digitais
Orange Money, lançado em 2008 pela Orange Group, é um dos serviços de dinheiro móvel mais antigos e mais amplamente distribuídos na África. Com presença em 17 países africanos, tornou-se um ator crítico em pagamentos transfronteiriços, carteiras digitais e inclusão financeira na África francófona.
Orange Money pelos Números (2024)
Mais de 38 milhões de utilizadores ativos
Disponível em 17 países de África Ocidental, Central e Setentrional
Mais de 120 milhões de transações mensais
Volume de transações anuais superior a €100 mil milhões (~$107 mil milhões)
Receita anual de €770 milhões proveniente de serviços financeiros (FY 2023)
Emprega mais de 40 mil agentes e distribuidores
A Orange gere o seu negócio fintech através de duas principais plataformas:
Orange Money
Carteira móvel, pagamentos a comerciantes, P2P, e serviços de faturação
Opera sob licença de telecomunicações da Orange + aprovações regulatórias locais
Orange Bank Africa
Banco digital licenciado (em Costa do Marfim, lançado em 2020)
Oferece poupança, crédito, e serviços de conta
Expansão gradual na região UEMOA
“Vemos os serviços de dinheiro móvel e bancários como motores gémeos para a inclusão financeira e a transformação empresarial na África.” – Alioune Ndiaye, ex-CEO da Orange Middle East & Africa
Impulso Regulatório e Atração de Investidores
Os bancos centrais e reguladores africanos desempenham um papel crucial nesta evolução.
Países como Nigéria, Gana, Uganda e Egito introduziram regimes de licenciamento dedicados a operadores de dinheiro móvel e bancos digitais, incentivando as telcos a formalizar e separar as suas operações fintech.
Ao mesmo tempo, capital de risco e investidores estratégicos veem na fintech africana um dos setores mais escaláveis, resilientes e impactantes do continente. Ao desmembrar fintechs, as telcos podem aceder a este fluxo de financiamento sem diluir o seu negócio principal de telecomunicações.
Qual é o Próximo Passo?
A próxima fase de crescimento provavelmente centrará em:
Interoperabilidade entre plataformas de dinheiro móvel
Remessas transfronteiriças e financiamento do comércio
Pagamentos a comerciantes e adoção de QR-code
Produtos de crédito, poupança e seguros baseados em dados de telecomunicações
Ecossistemas orientados por API, permitindo que desenvolvedores construam sobre as infraestruturas telco-fintech
À medida que a concorrência aumenta, braços fintech independentes dão às telcos a agilidade e foco necessários para evoluir de meros pagamentos para plataformas financeiras completas.
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ANÁLISE DE MERCADO | De Telcos a Fintechs – Como e porquê os gigantes das telecomunicações de África estão a transformar-se em Fintechs independentes
Em toda a África, a ascensão do dinheiro móvel e dos pagamentos digitais está a remodelar o panorama financeiro – e as maiores operadoras de telecomunicações do continente estão a intensificar esforços.
Diante da crescente procura por serviços financeiros de baixo custo, com abordagem móvel, as operadoras estão a criar subsidiárias fintech dedicadas, a captar capital, a obter licenças e a posicionar-se como as próximas potências financeiras pan-Africanas.
Por que as Telcos Estão a Tornar-se Fintechs
O setor de telecomunicações africano tem desempenhado há muito um papel fundamental na inclusão financeira. Serviços de dinheiro móvel como MTN MoMo e Airtel Money têm ajudado milhões de pessoas em todo o continente a terem acesso a ferramentas financeiras básicas, na ausência de infraestruturas bancárias tradicionais.
Mas a mudança de hoje é mais estrutural – e estratégica.
Em vez de gerir divisões de pagamentos como negócios secundários, as telcos estão a criar cada vez mais unidades fintech como entidades reguladas separadas. Isto permite-lhes:
Grupo MTN: MoMo em Ascensão
O grupo MTN da África do Sul tem liderado esta mudança.
A sua plataforma Dinheiro Móvel (MoMo) foi desmembrada numa empresa autónoma, MTN Fintech, agora operacional em mais de 15 países. Em 2022, a empresa anunciou que visava uma avaliação de $5 mil milhões para a sua divisão fintech, com planos de atrair investidores estratégicos.
Até 2024, a MTN Fintech tinha:
com players globais como Mastercard e Flutterwave, enquanto avança agressivamente em pagamentos a comerciantes, remessas, empréstimos e seguros.
O MTN MoMo está ativo em mercados de alto crescimento como:
Em vários desses países, a MTN Fintech não só lidera na penetração do dinheiro móvel, como também avança em serviços adjacentes como seguros, pontuação de crédito e remessas internacionais.
As vitórias regulatórias também foram essenciais: a MTN MoMo obteve licenças de Banco de Serviços de Pagamento (PSB) na Nigéria, e licenças de dinheiro eletrónico em países como Uganda e Gana.
Em 2021, o Grupo MTN formalmente separou o MoMo numa subsidiária fintech autónoma, a MTN Fintech. O objetivo era claro:
“Separar estruturalmente os nossos negócios de fintech e fibra para desbloquear valor e atrair investidores estratégicos.” – Ralph Mupita, CEO do Grupo MTN
Esta decisão permite à MTN:
Embora a MTN ainda não tenha cotado a MTN Fintech, o CEO Ralph Mupita indicou que uma OPI ou captação de capital privado é provável nos próximos 1–2 anos, dependendo das condições de mercado.
Airtel África: Cotação Fintech em Perspetiva
O rival Airtel África fez movimentos semelhantes.
O seu negócio Airtel Money foi desmembrado como Airtel Mobile Commerce em 2021, operando de forma independente com seu próprio CEO e estrutura de governação.
Este spin-off estratégico permite à Airtel:
Em 2021–2022, a Airtel África arrecadou mais de $500 milhões para a sua unidade fintech junto de investidores como a Autoridade de Investimento do Qatar e Mastercard, avaliando o negócio em $2,65 mil milhões.
“Continuamos comprometidos em eventualmente listar o negócio de dinheiro móvel, assim que as condições de mercado permitirem.” – Segun Ogunsanya, CEO da Airtel África (2024)
Até 2024, a Airtel Mobile Commerce tinha:
O Airtel Money já está ativo em 14 mercados africanos e, em 2024, a empresa reafirmou o plano de listar publicamente a unidade fintech, sinalizando o apetite dos investidores e a clareza estratégica em torno do negócio.
Safaricom & M-Pesa África: Expansão Regional
A Safaricom do Quénia, pioneira em dinheiro móvel a nível global através do M-Pesa, também entrou na tendência.
Em parceria com a matriz Vodafone, a Safaricom criou a M-Pesa África, uma joint venture separada para expandir o serviço além do Quénia.
Até 2024, a M-Pesa África tinha:
A M-Pesa África já opera em 7 países, incluindo Tanzânia, Moçambique e Gana, investindo fortemente em novos serviços como M-Pesa GlobalPay, integração de API para comerciantes, e pagamentos transfronteiriços.
Alguns parceiros estratégicos incluem:
Em 2024, a Safaricom ainda não anunciou planos formais de desmembrar ou listar a M-PESA África. No entanto, analistas e investidores especulam que:
Embora a M-Pesa ainda não tenha sido desmembrada numa empresa totalmente independente, a mudança estrutural rumo à consolidação fintech regional é clara.
“A nossa missão é ser a plataforma de pagamentos digitais preferida do continente — uma API, uma experiência, uma África.” – Sitoyo Lopokoiyit, CEO da M-PESA África
Orange, Ethio Telecom & Outros: Entrando na Tendência
Outras operadoras africanas também estão a acompanhar:
Ethio Telecom, o monopólio estatal de telecomunicações na Etiópia, lançou o Telebirr em 2021 para liderar a transformação digital financeira do país. Num mercado onde mais de 65% da população permanece sem acesso a serviços bancários, o Telebirr está a tornar-se rapidamente numa das maiores plataformas de dinheiro móvel de África — em base de utilizadores — em apenas três anos.
Telebirr pelos Números (2024)
Em termos de potencial de mercado não explorado:
Orange Money, lançado em 2008 pela Orange Group, é um dos serviços de dinheiro móvel mais antigos e mais amplamente distribuídos na África. Com presença em 17 países africanos, tornou-se um ator crítico em pagamentos transfronteiriços, carteiras digitais e inclusão financeira na África francófona.
Orange Money pelos Números (2024)
A Orange gere o seu negócio fintech através de duas principais plataformas:
Orange Money
Orange Bank Africa
“Vemos os serviços de dinheiro móvel e bancários como motores gémeos para a inclusão financeira e a transformação empresarial na África.” – Alioune Ndiaye, ex-CEO da Orange Middle East & Africa
Impulso Regulatório e Atração de Investidores
Os bancos centrais e reguladores africanos desempenham um papel crucial nesta evolução.
Países como Nigéria, Gana, Uganda e Egito introduziram regimes de licenciamento dedicados a operadores de dinheiro móvel e bancos digitais, incentivando as telcos a formalizar e separar as suas operações fintech.
Ao mesmo tempo, capital de risco e investidores estratégicos veem na fintech africana um dos setores mais escaláveis, resilientes e impactantes do continente. Ao desmembrar fintechs, as telcos podem aceder a este fluxo de financiamento sem diluir o seu negócio principal de telecomunicações.
Qual é o Próximo Passo?
A próxima fase de crescimento provavelmente centrará em:
À medida que a concorrência aumenta, braços fintech independentes dão às telcos a agilidade e foco necessários para evoluir de meros pagamentos para plataformas financeiras completas.