A CFTC dos EUA envia cartas de "não ação" a quatro plataformas, incluindo Polymarket, prevendo uma flexibilização coletiva na regulamentação de mercados preditivos

Os últimos dias viram a Comissão de Negociação de Futuros de Commodidades dos EUA (CFTC) emitir simultaneamente cartas de não ação às plataformas de mercado preditivo Polymarket, PredictIt, Gemini e LedgerX, permitindo que elas operem sob isenções de certas exigências rigorosas de retenção de registros e relatórios de dados, desde que atendam a condições específicas. Este sinal coletivo de afrouxamento regulatório marca um reconhecimento limitado das plataformas de previsão, que há muito tempo operam na zona cinzenta, pelos principais órgãos reguladores financeiros dos EUA. Com a reentrada oficial da Polymarket no mercado americano, a obtenção de licença de mercado de contratos específicos pela Gemini e a iminente entrada da Coinbase, uma trajetória regulada de mercado preditivo on-chain começa a se delinear claramente — um avanço importante para as aplicações DeFi e uma possível redefinição na forma como as pessoas percebem o preço da informação e a cobertura de risco.

Interpretação aprofundada da “Carta de Não Ação” da CFTC: ramos de oliveira regulatórios e limites vermelhos

A principal autoridade reguladora do mercado de derivativos dos EUA, a CFTC, nesta semana sinalizou de forma relativamente moderada, porém com intenção clara, uma luz verde para o desenvolvimento de plataformas preditivas. A entidade emitiu às operadoras Polymarket, PredictIt, Gemini e LedgerX/MIAX as “Cartas de Não Ação” (No-Action Letters). O núcleo dessas cartas é que, enquanto essas plataformas cumpram as demais condições estabelecidas nelas, a CFTC não tomará medidas de aplicação contra elas por não atenderem a certos requisitos de retenção de registros relacionados a swaps ou por não reportarem dados de negociações de opções binárias ao repositório de dados de swaps. Em resumo, as autoridades concederam uma isenção temporária em aspectos essenciais de conformidade de dados, facilitando a operação das plataformas.

É importante notar que as “Cartas de Não Ação” não representam uma isenção incondicional. A própria CFTC destacou em comunicado oficial que tais cartas “aplicam-se apenas a circunstâncias específicas e limitadas”, e que são comparáveis às cartas anteriormente emitidas a outros mercados de contratos designados e organizações de liquidação de derivativos com situações semelhantes. Essa delimitação é crucial, pois indica que a CFTC não está criando regras completamente novas e mais brandas para o mercado preditivo, mas integrando-os ao seu quadro regulatório de derivativos já estabelecido e consolidado. Em essência, a mensagem é: “Desde que operem de forma compatível com as práticas de outras plataformas reguladas, neste momento não haverá intervenção.”

As condições impostas na carta delineiam as “regras do jogo” às quais as plataformas devem rigorosamente aderir, incluindo: garantia de colaterais em tempo integral para todos os contratos; liquidação de contratos através da plataforma designada; disponibilização pública de todos os dados relevantes após a execução; além de atenderem a outros requisitos específicos de retenção de registros de swaps. Essas cláusulas visam assegurar transparência de mercado, capacidade de pagamento e proteção contra uso indevido de fundos ou manipulação de dados, configurando uma espécie de “sandbox regulatório” sob supervisão, que oferece espaço para inovação, mas limita os limites de segurança.

Diversificação de estratégias: Polymarket, Gemini e Coinbase na corrida e no posicionamento

A delicada mudança no ambiente regulatório provocou uma reação em cadeia no mercado, acelerando os movimentos estratégicos dos principais atores. A Polymarket, que havia sido obrigada a migrar para o exterior após ações regulatórias da CFTC e multada em US$140 mil, deu sinais de “volta triunfante”. Sua estratégia de retorno aos EUA tem sido meticulosa: após adquirir, em julho de 2025, a plataforma de derivativos licenciada QCX, estabelecendo uma base regulatória, ela lançou silenciosamente uma versão beta nos EUA em novembro e, finalmente, lançou oficialmente seu aplicativo para o mercado americano em 4 de dezembro, inicialmente com foco em esportes. Essas ações demonstram firme intenção de conformidade, e a chegada da “Carta de Não Ação” certamente reforça sua operação no mercado americano.

Outro player de destaque, a exchange de criptomoedas Gemini, também avança rapidamente. Sua entidade Gemini Space Station, Inc. recebeu oficialmente a licença DCM da CFTC em 11 de dezembro, permitindo operar um “mercado de contratos designados” chamado Gemini Titan. Isso eleva a Gemini de uma simples plataforma de negociação a uma bolsa de derivativos plenamente regulada, com uma base legal sólida para seu negócio de previsão de mercado. A Gemini indicou que o projeto pode se expandir para futuros de criptomoedas, opções e outros derivativos, revelando ambições elevadas.

Ainda mais relevante é a intenção da gigante Coinbase de ingressar nesse mercado. Segundo fontes da Bloomberg, a Coinbase planeja anunciar, em evento em 17 de dezembro, o lançamento de seu próprio mercado preditivo e de produtos de ações tokenizadas. Apesar do roteiro de produtos ainda não estar totalmente claro, seu amplo número de usuários e forte marca de mercado certamente terão impacto disruptivo assim que entrarem na arena. A trajetória da Polymarket, a licença obtida pela Gemini e a preparação da Coinbase indicam que uma disputa pelo “poder de precificação da informação” já começou silenciosamente nos EUA.

Cronograma recente de avanços dos principais players do mercado preditivo nos EUA

  • Julho de 2025: Polymarket adquire plataforma licenciada QCX para preparar seu retorno.
  • 13 de novembro de 2025: Polymarket relança nos EUA em modo beta.
  • Início de dezembro de 2025: CFTC emite às plataformas (incluindo Gemini) as Cartas de Não Ação.
  • 4 de dezembro de 2025: Lançamento oficial do app da Polymarket nos EUA, com foco inicial em esportes.
  • 11 de dezembro de 2025: Gemini obtém licença DCM da CFTC, podendo operar o mercado Gemini Titan.
  • 17 de dezembro de 2025 (previsto): Coinbase planeja anunciar seu produto de mercado preditivo.

O valor central dos mercados preditivos: por que atraem atenção regulatória e de gigantes?

Mercados preditivos não são novidade, mas sua integração com a tecnologia blockchain, especialmente sob a estrutura regulatória dos EUA, revela seu profundo valor financeiro e social. Essencialmente, um mercado preditivo funciona como uma plataforma que agrega informações dispersas por meio de negociações de “contratos de resultados de eventos”. Participantes apostam com dinheiro real na probabilidade de um evento acontecer, e os preços resultantes muitas vezes refletem com maior precisão do que opiniões de especialistas ou pesquisas de opinião pública a probabilidade real de um evento. Essa “sabedoria coletiva” financeira já foi amplamente validada durante as eleições presidenciais de 2024 nos EUA, impulsionando a popularidade do setor.

Para o setor financeiro tradicional e órgãos reguladores, um mercado preditivo que seja legal e transparente tem múltiplos atrativos: pode servir como uma nova ferramenta de hedge de riscos, permitindo que empresas se protejam contra flutuações de preços de matérias-primas, riscos cambiais ou eventos geopolíticos. Além disso, fornece “dados prospectivos” de alto valor — as probabilidades derivadas dessas negociações — que são úteis para formuladores de políticas, instituições de pesquisa e negócios. A aceitação gradual da CFTC pode ser vista como uma aprovação cautelosa do papel de “produto público” de tais mercados de informação.

Do ponto de vista da indústria de criptomoedas, a legalização de mercados preditivos tem um significado estratégico mais amplo. Ela consegue transformar uma aplicação com ampla base de usuários (envolvendo esportes, política, entretenimento), que até então operava de forma marginal na DeFi, em uma ferramenta financeira regulada e de grande alcance. Isso cria um cenário ideal para “sair do circuito fechado” da blockchain, atraindo usuários não nativos de criptomoeda. A utilização de stablecoins como USDC para negociações favorece uma experiência fluida e transparente de liquidação na blockchain, uma abordagem mais prática e educativa do que simplesmente promover o investimento em Bitcoin ou Ethereum, por exemplo.

Desafios na trajetória de conformidade e perspectivas de investimento futuras

Embora as perspectivas de avanço estejam claras, o caminho para uma plena conformidade das plataformas preditivas nos EUA ainda apresenta obstáculos. O principal desafio está na classificação legal. Ainda não há consenso se os contratos nesses mercados são “jogos de azar”, “valores mobiliários” ou “ swaps”. A CFTC, com suas cartas de não ação e licenças DCM, tende a enquadrá-los como “contratos de evento” ou “opções binárias” regulados como derivativos, mas essa classificação ainda precisa passar por testes jurídicos mais amplos. As rígidas leis estaduais contra jogos de azar continuam sendo uma espada de Dâmocles pendurada sobre as plataformas.

Outro risco operacional é elevado. As exigências de colaterais em tempo integral e transparência de dados, destacadas na carta, demandam alta capacidade técnica e de gestão de risco das plataformas. Uma falha, como a vulnerabilidade de segurança decorrente de erro humano na LI.FI em julho de 2024, poderia não apenas causar perdas financeiras aos usuários, mas também destruir rapidamente a confiança recém-construída pelos reguladores. Além disso, a prevenção de manipulação de mercado, a garantia de neutralidade na formulação de perguntas e a gestão de controvérsias (como contratos envolvendo figuras públicas) são questões práticas que as plataformas precisarão resolver.

Para os participantes desse mercado emergente, a lógica de investimento é clara: plataformas com vantagem de primeiro-mover e com estratégias de conformidade, como Polymarket e Gemini, tendem a se beneficiar inicialmente, com aumento potencial de tráfego e volume de negociações à medida que o mercado se abre. A médio prazo, fornecedores de infraestrutura, como oracles, protocolos de liquidação e soluções tecnológicas de conformidade, terão demanda crescente. A longo prazo, o potencial de um mercado preditivo como “motor de informação descentralizado” — semelhante a mecanismos de busca e redes sociais — pode revolucionar a forma como acessamos informações e tomamos decisões, muito além da simples percepção de “jogo de azar”.

A carta de não ação da CFTC, como um primeiro dominó, inicia oficialmente a transformação do mercado preditivo dos EUA de uma atividade marginal para uma força institucional. Não é apenas uma vitória de algumas startups, mas um marco na busca por um ponto de convergência entre o mundo cripto e a regulação tradicional, ao aplicar o conceito de “maior denominador comum” em um cenário concreto. Quando usuários da Polymarket apostarem em um evento esportivo ou operadores da Gemini estabelecerem preços para dados econômicos, eles estarão involuntariamente participando na construção de uma “plataforma global de informações mais eficiente e transparente”. A prudência regulatória combinada com o envolvimento de gigantes do setor indica que, talvez, o verdadeiro valor do mercado preditivo — essa “jogada de previsão do futuro” — esteja apenas começando a ser avaliado.

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